sábado, 26 de novembro de 2011

genótipo de deus

domingo.
o rosto em demasia, oponível,
baseado na imagem de um espelho
em erosão de náufragos.
deve ser isto, a beleza:
um abismo dial.
sei-o a conta-gotas,
como forma de primeiro cancro,
legalizando nos rastos a ideia de deus.
é, adentro, uma ameaça de fé.


e o amor?
há os que se matam assaz,
baleados em factos reais,
percutidos na astenia votiva
de um filho por desistir.
já ninguém se preza a morrer em detalhe.
fingir que nunca as formas lânguidas,
tão letais depois de nos virmos,
onde os erros de cronologia são acrescentos
portáteis ao afã das lembranças.
um dom anacrónico.


também eu, mormente,
sou um corpo onde não morar.
há sempre uma que acredita querer-me,
vítima de uma vagina sem escudo,
falecendo o melhor que pode numa ressaca
de braços onde entulho as manhãs.
são os destroços de serviço,
estas mulheres horizontais.
as cáries dos livros.
resgatá-las,
nos intervalos do amor,
é a única maneira de levar a cabo
a imbatível certeza do fracasso.


a vida ensina a morrer.
a molestar os estofos com o genótipo
de deus.
se precisarem de mim,
estarei na forca do próximo poema.


genótipo: só.

DT

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