quinta-feira, 3 de novembro de 2011

a beleza arguida

palavras,
se as houvesse,
para aposentar o pecado
nas coordenadas do sangue.
a pele acontecendo.
não teríamos acordado sem legendas,
desnudos e com os genitais desarrumados,
ferindo o cio com os afluentes do hábito
e o ofício da fome.


déspota,
o teu corpo é o meu álibi para faltar à vida.
o incentivo ao pavor.  
leio-te com as mãos para folhear-te a carne,
nómada pelo que te quero,
e só assim me iludo.


agora acredito.
somos, tantas vezes,
os lacustres assassinos de claves.
a asma das bússolas.
e como se isso nos bastasse,
a manhã dói-nos pelas costuras
e não há dia que amorteça o beijo
que nos envelhece.


até onde?
a retina vende-se por tão pouco
nas traseiras de um verbo
mas deste fim pouco sabemos.
ou pouco sei.


e à primeira lágrima,
sentirás na boca o refrão de um punho,
e à cabeceira dos vínculos devolver-te-ás
à beleza arguida da única sigla que escolheste
para a gestão do amor:
HIV

DT

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