segunda-feira, 24 de outubro de 2011

faltas-me tu - inimigo
ninguém mais

para que possa cumprir-me
olho-te na testa - e faço-te
cuspir sangue na minha cara

com as unhas
perfuro-te o abdómen
e sinto as vísceras fedorentas

sou indestrutível
- preciso do teu sangue
para dissolver o meu sangue

e da culpa e da raiva
fecundas -
que me aplaquem de verdade

preciso da dissonância engolida
que da tua boca brote
para esquecer o que se segue

entre um morto e um ferido
fico eu aqui - a pairar
sem último sacramento

DV

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